quinta-feira, 13 de junho de 2024

A POEIRA DO SAARA

 


A POEIRA DO SAARA FERTILIZA A FLORESTA AMAZÔNICA

O Saara e a Amazônia podem ser dois ambientes completamente opostos, já que se um trata de um deserto com baixos índices pluviométricos e quase sem biodiversidade, enquanto o outro é uma região de floresta equatorial com alto regime de chuvas e a maior biodiversidade do mundo. Todavia, estes dois ambientes estão conectados e um influencia o outro para seu desenvolvimento. Este vínculo acontece todos os anos por meio da poeira que viaja em suspensão milhares de quilômetros do Deserto do Saara até a Floresta Amazônica.


O DESERTO DO SAARA

O Saara é o maior deserto quente da Terra com 9,2 milhões de km², sendo maior que o território brasileiro, e se localiza no extremo norte do continente africano. Esta região apresenta índices pluviométricos muito baixos, o que provoca o desenvolvimento de um terreno árido e com altas temperaturas durante o dia. O Saara se estende por 10 países, entre eles o Egito, lar da antiga e poderosa civilização egípcia, fato que desmistifica a incapacidade de crescimento de populações humanas em locais tão secos. 

É importante ressaltar que os desertos normalmente são áreas no globos que são definidos na climatologia como regiões de Alta Pressão. Isso significa que os ventos presentes na atmosfera terrestre descendem até a superfície, impossibilitando a formação de nuvens e, consequentemente, chuvas. Além disso, as zonas de Alta Pressão atmosférica, alimentam com ventos as zonas de Baixa Pressão, ou seja, as massas de ar migram de uma região para outra. 


TADRART ACACUS

NUTRIENTES NA POEIRA DO SAARA 

Há alguns milhares de anos, o Saara não era um deserto quente como na atualidade. A região era repleta de lagos e rios, modificando a aparência seca e arenosa para vales verdes e mais úmidos. Estes corpos d’água eram ricos em algas e microorganismos, o qual hoje deixaram como “herança” um terreno nutritivo, principalmente fosfato. Este íons são suspensos na atmosfera todos os anos, devido às fortes tempestades de areia que ocorrem no interior do deserto.


A FLORESTA AMAZÔNICA

A Floresta Amazônica é a maior floresta equatorial do mundo com 6,7 milhões de km² e se localiza no extremo norte da América do Sul. Ela se estende por 9 países e sua maior extensão se localiza dentro do território brasileiro. É uma região com chuvas regulares, com a maior concentração de espécies por hectare e fundamental para todo o clima da América do Sul.

Diferente dos desertos, as florestas úmidas normalmente são regiões de Baixa Pressão Atmosférica. Ou seja, os ventos quentes próximos da superfície ascendem, auxiliando a formação de nuvens de tempestades, o que justifica a alta pluviometria destes ambientes.



NO INTERIOR DA FLORESTA AMAZÔNICA 

SOLO DA FLORESTA AMAZÔNICA

Devido aos altos índices de chuvas, o solo amazônico frequentemente sofre uma intensa lixiviação, ou seja, a água retira muitos nutrientes que existem no terreno. Portanto, os solos da Amazônia não são férteis. Entretanto, a floresta auxilia no desenvolvimento da flora e, consequentemente, da fauna local, porque existe a reciclagem de material orgânico que se dispõe nas porções superficiais do solo da floresta.

 

DESCOBERTA DA NASA

Um estudo da Goddard Space Flight Center (NASA) identificou e mediu a quantidade de areia que viaja do Saara para o continente americano, percebendo que cerca de 182 milhões de toneladas se deslocam pelo Oceano Atlântico todos os anos e cerca de 27 milhões se direcionam à Amazônia. Estas partículas normalmente viajam em formato de aerossóis, nos quais são imperceptíveis aos olhos humanos.

Este estudo se iniciou para mensurar o quanto essa poeira polui a região do Caribe e América do Norte. Porém, encontrou-se esse deslocamento significativo para a floresta equatorial, chamando a atenção de pesquisadores. 

Por meio de análises químicas, perceberam que a composição da poeira encontrada na Amazônia tinha concentrações similares dos mesmos elementos químicos do Deserto do Saara (como alumínio, silício, ferro, manganês e fósforo). Este fato retirou a hipótese que esses aerossóis viessem de uma região árida mais próxima (nordeste brasileiro, por exemplo) e sim da região desértica do outro lado do oceano.

Foram realizados outros estudos e com eles concluíram que as Zonas de Alta Pressão e de Baixa Pressão presentes no Saara e na Amazônia, respectivamente, eram muito grandes e intensas, o que influenciava a movimentação de fortes massas de ar por longas distâncias. 



Movimentação da poeira por meio das massas de ar do Saara até a Amazônia. (Fonte: BBC Brasil)

FOSFATO

O fósforo é um elemento químico de número atômico 15, massa 31 e símbolo P. Com ele é possível criar o fosfato, que é um íon poliatômico composto por um fósforo e quatro oxigênios. Quando encontrado de forma natural, o fosfato é importante para fertilização adequada do solo, pois é um nutriente essencial para o crescimento saudável das plantas.


FERTILIZAÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA 

A Floresta Amazônica produz bastante matéria orgânica por meio de folhas, frutos, madeira e animais mortos em decomposição, o que realimenta o terreno com diversos nutrientes, entre eles o fósforo. Todavia, grande parte destas substâncias são lixiviadas, já que muitas são solúveis em água, o que prejudica o desenvolvimento da floresta.

Dentre os 27 milhões de toneladas de poeira que migram do Saara para a Amazônia, cerca de 22 milhões são componentes com fósforo. Isso é quase a mesma quantidade que a própria floresta cria com a matéria orgânica superficial do solo. Sendo assim, as poeiras advindas do Saara por massas de ar são essenciais para a preservação da mata e crescimento saudável das plantas, pois o fosfato funciona como um fertilizante muito eficiente para o solo amazônico pobre. Portanto, observa-se que o Sistema Terra é bastante dinâmico e conectado, sendo fundamental a proteção destes ambientes, porque biomas distantes e totalmente distintos se auxiliam para a manutenção da diversidade ambiental do planeta.  

Autor: Luiz Felipe Pacheco Santos


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FONTE: MINAS JR






JAROSITA

 


MINERAL COMUM EM SOLO MARCIANO É ENCONTRADO NAS GELEIRA DA ANTÁRTIDA


O QUE É UMA JAROSITA?

A Jarosita é um mineral frágil de sulfato hidratado de ferro e potássio, tem fórmula química K2Fe6(OH)12(SO4)4 e cor amarelo – acastanhada. Esse mineral é muito raro na Terra, pois essa substância precisa de algumas condições específicas para se formar, necessitando de água, ferro, sulfato, potássio e meio ácido. Assim, a jarosita se forma em jazimentos de sulfetos de ferro (pirita, marcassita, pirrotita) por meio da oxidação, podendo ocorrer associada com outros minerais, como: quartzo, pirita, ouro, alunita, ghoetita e entre outros. Ela também pode ser formada quando os rejeitos de mineração são expostos à chuva e ao ar. 

JAROSITA


MARTE: O PLANETA VERMELHO

Segundo a União Astronômica Internacional (AIU), responsável pela classificação dos corpos celestes, o Planeta Vermelho fica localizado a cerca de 228 milhões de quilômetros do Sol, sendo o quarto planeta do sistema solar e apresenta uma temperatura média -60°C, e recebe este nome devido à presença de minerais ferrosos em seu solo. Por apresentar temperaturas baixíssimas a possibilidade de o planeta apresentar água em seu estado líquido é inexistente. Todavia, imagens feitas pela sonda Mars Global Surveyor em 2011 evidenciaram marcas de erosão, o que sugere que já houve o escoamento de água líquida no planeta, o que é potencial para formação de minerais de ferro oxidados, como a Jarosita.


PLANETA VERMELHO


Jarosita Encontrada Em Solo Marciano

Observando as condições para a formação da Jarosita, esse mineral poderia ser facilmente formado em solo marciano, uma vez que ele apresenta expressiva quantidade de óxido de ferro. Entretanto, a confirmação de que isso aconteceu em Marte era improvável há alguns anos, já que é necessário água para sua formação para formação deste mineral. 

Graças ao avanço tecnológico e por meio das explorações espaciais, esse tipo de mineral foi identificado em Marte e observado em grandes quantidades. Essa descoberta ocorreu em 2004 pelo Rover Opportunity da NASA e gerou grandes expectativas, pois de acordo com pesquisas sobre a formação da Jarosita seria um indício de que nesse planeta já houve ou possui água.


Como os fatores para a formação dessa substância dificilmente são observados em território marciano, existem algumas hipóteses sobre a sua formação, pois não havia nenhum fenômeno semelhante dentro do Sistema Solar. Uma delas é que esse mineral surgiu pela evaporação de pequenas quantidades de água salgada e ácida. Enquanto outra explica que nos primórdios de Marte, quando ele ainda era totalmente repleto de geleiras, os elementos necessários para a formação da Jarosita estavam contidos em poeira que acumulou-se nas camadas de gelo, cristalizando este mineral. 


JAROSITA ENCONTRADA NA TERRA PODE EXPLICAR A OCORRÊNCIA EM MARTE

Durante expedições de pesquisa na Antártica, para desvendar a existência de minerais que pudessem auxiliar a respeito dos ciclos da idade do gelo, Giovanni Baccolo, geólogo da Universidade Milano – Bicocca, na Itália, juntamente com seus colegas encontraram resíduos de jarosita. Estranhas partículas de poeira foram encontradas em um núcleo de gelo do Talos Dome (Leste da Antártica) durante uma escavação de 1620 metros. Para confirmar a identificação desse mineral os cientistas utilizaram microscópios eletrônicos e mediram a absorção de raios-X.

Com a descoberta desse mineral sendo formado nessas condições em solo terrestre, é possível começar a explicar as teorias a respeito da formação da jarosita em Marte, bem como as especulações sobre a possibilidade de existir ou já ter existido fluídos aquosos em território marciano. Essa pesquisa, segundo Baccolo, tem contribuído para entender como os glaciares podem ter contribuído com a composição química de Marte. 

Essa pesquisa foi publicada em um artigo na Nature Communications, no qual Baccolo e seus colegas explicam detalhadamente as expectativas sobre a descoberta, bem como os resultados obtidos.


Mais um passo para desvendar o planeta vermelho com o mineral marciano

Esta descoberta pode ser um avanço para desvendar alguns segredos de Marte. Além de identificar a composição química e os métodos de formação que auxiliarão os pesquisadores para o conhecimento de alguns elementos e algumas características sobre o solo marciano.


Por fim, como Marte sempre foi visto como um possível planeta a ser habitado pelos seres humanos e este é um passo fundamental para descobrir mais fatores sobre o Planeta Vermelho.

Autor(a):  Walmir Peres 

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FONTE:
MINAS JR









quarta-feira, 12 de junho de 2024

EXPLORANDO O MUNDO DOS SILICATOS

 


TESOUROS DA TERRA REVELADOS 

Entenda melhor o fascinante universo dos minerais e silicatos, verdadeiros tesouros da Terra que desvendam os segredos de sua história e formação!

Os minerais são os blocos de construção fundamentais da crosta terrestre, cada um com suas características únicas e propriedades distintas. Em sua essência, um mineral é uma substância sólida, inorgânica, com uma estrutura cristalina e composição química definida. Eles são formados através de processos geológicos complexos ao longo de milhões de anos, refletindo as condições ambientais e químicas em que se originaram.

Dentre os diversos tipos de minerais, os silicatos têm um lugar de destaque. Compostos principalmente de silício e oxigênio, esses minerais formam a espinha dorsal das rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. Sua estrutura molecular única, composta por tetraedros de silício e oxigênio, confere-lhes uma variedade impressionante de formas e cores, desde os cristais translúcidos de quartzo até as pedras preciosas cintilantes como o diamante e a esmeralda.

Eles estão presentes em uma infinidade de rochas ao redor do mundo, sendo os principais constituintes de rochas ígneas como granito e basalto, conferindo-lhes resistência e beleza. Além disso, são encontrados em abundância em rochas metamórficas, onde passam por transformações químicas e estruturais sob altas pressões e temperaturas. 

Mesmo em rochas sedimentares, os silicatos desempenham papéis importantes, como no caso dos arenitos e argilitos. 

Ademais, esses minerais também manifestam-se como gemas: desde o rubi e a safira até a turmalina e o olho de gato. Essas gemas são apreciadas não apenas por sua beleza deslumbrante, mas também por sua raridade e valor intrínseco, capturando a imaginação e o desejo de colecionadores e entusiastas em todo o mundo.


Dessa forma, o conhecimento interno dos minerais é fundamental para o desenvolvimento do conhecimento geológico mundial. 

Sendo assim, com o intuito de conhecer a estrutura cristalina de um mineral existem testes como a Difratometria de Raios-X (DRX), e os elementos químicos podem ser identificados nas amostras por uma análise de Fluorescência de Raios-X (FRX) – ambas realizadas pela Minas Jr


Autora: Júlia Huck Sigoli


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FONTE:  MINAS JR

 





POEIRA DE ESTRELAS

 


TEMA: ASTROFISICA

Poeira de estrelas, não: Somos filhos do espaço profundo

As duas descobertas - uma em laboratório e outra no espaço (na região mostrada nesta imagem) - contam com a participação de cientistas brasileiros.


FILHOS DO ESPAÇO  PROFUNDO 

O astrofísico Carl Sagan gostava muito da frase "Somos feitos de poeira de estrelas", que já era falada bem antes dele, referindo-se ao fato de que os elementos químicos foram e são formados nessas fornalhas cósmicas e em suas explosões.

Mas talvez haja uma verdade mais precisa nessa expressão. Quando se trata de estudar a vida, os cientistas trabalham tipicamente com a origem da vida aqui na Terra, mas a origem da vida fora da Terra é uma hipótese que não pode ser descartada.

Menos ainda o é a possibilidade de que os blocos fundamentais, que mais tarde viriam se juntar para formar os primeiros seres vivos, tenham-se originado no espaço.

Dando suporte a essa linha de pesquisas, uma equipe internacional, com participação de dois cientistas brasileiros, acaba de descobrir como algumas moléculas cruciais para a vida podem se formar no espaço, o que poderá reforçar a linha de pesquisa que associa a origem da vida na Terra a corpos vindos do espaço, como cometas e asteroides - essa hipótese é conhecida como panspermia.

Enquanto isso, outra equipe usou o telescópio James Webb para flagrar diretamente no espaço moléculas orgânicas complexas, como o nosso conhecido etanol.


Poeira de Estrelas, Não:
Somos Filhos do Espaço Profundo


As moléculas aromáticas formaram-se em diferentes condições espaciais, incluindo a lua Titã.


MOLÉCULAS AROMÁTICAS 

Substâncias conhecidas como moléculas aromáticas portadoras de nitrogênio são importantes em muitas áreas da química e da biologia. Moléculas aromáticas são encontradas em biomoléculas importantes, como aminoácidos, ácidos nucleicos (DNA e RNA) e vitaminas. Elas também servem como blocos de construção para uma ampla gama de compostos químicos, incluindo produtos farmacêuticos, corantes, plásticos e produtos naturais.

Usando feixes moleculares, a primeira equipe recriou em laboratório as condições observadas na Nuvem Molecular de Touro, uma região densa de gás e poeira interestelar localizada na constelação de Touro, onde novas estrelas estão se formando ativamente, e da atmosfera de Titã, a maior lua de Saturno, que tem similaridades com as condições da Terra primordial devido à sua composição rica em nitrogênio e à presença de metano.

Os experimentos mostraram a emergência de unidades estruturais fundamentais de moléculas aromáticas, oferecendo novos caminhos para a compreensão de como os blocos de construção do DNA e do RNA podem ter-se formado no espaço. Esta é uma conclusão de longo alcance, já que nos diz que os ingredientes da vida podem ter-se originado - e continuam se formando - por toda a galáxia.

"O estudo sugere que moléculas aromáticas contendo nitrogênio - piridina, piridinil e (iso)quinolina - podem ter sido sintetizadas em ambientes que os cientistas estão realmente aprimorando devido às suas similaridades com a Terra", disse o professor Ralf Kaiser, da Universidade do Havaí em Manoa. "Compreender como essas moléculas se formam é vital para desvendar os mistérios das origens da vida. Descobertas como esta podem ter implicações futuras, inclusive para aplicações práticas não apenas em biotecnologia e biologia sintética, mas também em ciências da combustão."

A pesquisa contou com a participação dos professores Paulo Velloso, Márcio Alves e Breno Galvão, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), em Belo Horizonte. 

Este gráfico mostra o espectro de uma das duas protoestrelas, IRAS 2A. Inclui as impressões digitais de acetaldeído, etanol, metilformato e provavelmente ácido acético, na fase sólida. Estas e outras moléculas detectadas representam ingredientes-chave para criar mundos potencialmente habitáveis.

[Imagem: NASA/ESA/CSA/Leah Hustak (STScI)]

Moléculas orgânicas complexas


Outro brasileiro, Will Rocha, atualmente da Universidade de Leiden, nos Países Baixos, liderou outra equipe que fez outra descoberta igualmente marcante, mas desta vez em termos de observações diretas no espaço.


Usando o telescópio espacial James Webb, a equipe detectou a assinatura química inequívoca de pelo menos três moléculas orgânicas complexas: Etanol, álcool etílico e metanoato de metila. Os compostos foram localizados nas estrelas IRAS 2A e IRAS 23385, a primeira a 975 anos-luz da Terra e a segunda a 16 mil anos-luz. As condições de ambas podem ser comparadas aos primórdios do nosso Sistema Solar.


O etanol (CH3CH2OH) é o mesmo usado como combustível, além de ser o álcool etílico presente em bebidas como cerveja, vinho e outras. O acetaldeído (CH3CHO) é formado no corpo humano pela quebra do etanol, sendo um dos agentes responsáveis pela sensação de ressaca. O metanoato de metila (CH3OCHO) é usado como solvente do acetato de celulose e inseticida.


"Esta descoberta contribui para uma das questões mais antigas da astroquímica," disse Will Rocha. "Qual é a origem das moléculas orgânicas complexas, ou COMs [Complex Organic Molecules], no espaço? Elas são formadas na fase gasosa ou em gelos? A detecção de COMs em gelos sugere que as reações químicas em fase sólida nas superfícies dos grãos de poeira fria podem construir tipos complexos de moléculas." 

Já havia indícios experimentais em laboratório da possibilidade de formação dessas moléculas orgânicas complexas no espaço, mas esta é a primeira prova observacional de sua ocorrência. O fato de estarem em fase sólida - inseridas em gelos no frio do espaço - mostra que sua chance de sobrevivência é muito maior do que se estivessem na forma de gases. Assim, ao menos teoricamente, existe a possibilidade de que elas venham a fazer parte de corpos celestes que caem em planetas, eventualmente servindo como blocos de construção para o surgimento de vida.


Bibliografia:

Artigo: Low-temperature formation of pyridine and (iso)quinoline via neutral-neutral reactions
Autores: Zhenghai Yang, Chao He, Shane J. Goettl, Alexander M. Mebel, Paulo F. G. Velloso, Márcio O. Alves, Breno R. L. Galvão, Jean-Christophe Loison, Kevin M. Hickson, Michel Dobrijevic, Xiaohu Li, Ralf I. Kaiser
Revista: Nature Astronomy
Vol.: 683, A124
DOI: 10.1038/s41550-024-02267-y


Artigo: JWST Observations of Young protoStars (JOYS+): Detecting icy complex organic molecules and ions
Autores: Will Robson Monteiro Rocha, E. F. van Dishoeck, M. E. Ressler, M. L. van Gelder, K. Slavicinska, N. G. C. Brunken, H. Linnartz, T. P. Ray, H. Beuther, A. Caratti o Garatti, V. Geers, P. J. Kavanagh, P. D. Klaassen, K. Justtanont, Y. Chen, L. Francis, C. Gieser, G. Perotti, L. Tychoniec, M. Barsony, L. Majumdar, V. J. M. le Gouellec, L. E. U. Chu, B. W. P. Lew, Th. Henning, G. Wright
Revista: Nature Astronomy
DOI: 10.1051/0004-6361/202348427


FONTE:
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA










segunda-feira, 10 de junho de 2024

A ÁREA 51

 


O QUE EXISTE NA ÁREA 51 E QUEM É BOB LAZAR?

Deserto de nevada durante o dia com uma placa com a silhueta de um alienígena, indicando que ali perto na Área 51, existe a espécie.

A Área 51 é a Meca das especulações ufológicas. Há um tempo atrás, ela voltou aos holofotes graças a uma inusitada proposta: a de reunir todos aqueles que “questionam” os propósitos da base aérea americana, para uma visita forçada ao local.

Essa “ideia” surgiu em uma sexta à noite e invadiu a internet no fim de semana subsequente. Quem estava no Twitter naqueles dias, com certeza deve ter se deparado com algum meme sobre o assunto. 

Então aperte os cintos, pois agora vamos mergulhar de cabeça dentro dessa história e adentrar os portões da Área 51, para tentar revelar seus segredos.


O RESGATE DE ALIENÍGENAS NA ÁREA 51

Essa maluquice toda começou quando a streamer de videogames SmyleeKun, achou que seria uma boa ideia criar um evento no Facebook propondo uma invasão em massa à Área 51 para “resgatar alienígenas”. Se todo mundo que interagiu com o evento aparecesse lá, seriam 2 milhões de pessoas indo até o remoto Condado de Lincoln, em Nevada, com o único propósito de invadir essa misteriosa área. 

Com o nome “Assalto a Área 51, eles não podem deter todos nós”, o evento marcava para 20 de setembro de 2019 a realização dessa empreitada. E, na descrição, havia até um plano de ação: “Todos nos encontraremos na atração turística Área 51 Alien Center e coordenaremos nossa entrada. Se corrermos como o Naruto, podemos nos mover mais rápido que as balas deles. Vamos ver uns aliens”. 

É claro que, mesmo em um evento normal, os números do Facebook não costumam corresponder à quantidade de gente disposta a aparecer de verdade. E a própria linguagem do evento deixava claro que ele não devia ser levado à sério. 

Só que a história ganhou uma dimensão bem mais interessante (e ainda mais engraçada) quando a própria Força Aérea dos Estados Unidos, a responsável oficial pela Área 51, resolveu se pronunciar sobre o assunto. 

A porta-voz da Força Aérea, Laura McAndrews, disse ao Washington Post, que não apenas as autoridades sabiam do evento, como também estavam preparadas para reagir: “A Área 51 é um campo de treinamento aberto para a Força Aérea dos EUA, e nós desencorajamos qualquer um de tentar entrar na área onde treinamos as forças armadas americanas. A Força Aérea dos EUA sempre está pronta para proteger o país e seus ativos”. 


O QUE É QUE TEM NA ÁREA 51? 

Três discos voadores sobrevoando uma montanha no deserto de nevada perto da Área 51 

A Área 51 é uma base militar de segurança máxima, localizada no meio do deserto de Nevada, nos Estados Unidos, a 133 km de Las Vegas. Embora a instalação não seja acessível ao público, a região ao redor da Área 51 é um destino turístico popular, repleto de hotéis, museus e restaurantes com temática alienígena – em 1996, inclusive, a rodovia Rota 375, teve seu nome trocado para “Extraterrestrial Highway“. 

Mas o auê turístico, lógico, tem um limite: aqueles que se aventuram muito longe nas terras em torno da base são recebidos com sinais de alerta indicando que poderiam ser multados ou até mesmo presos por invadir e tirar fotos. 

Se essa área é envolta em mistérios extraterrestres, no entanto, grande parte dessa culpa é do próprio governo dos EUA. Para você ter uma ideia, o governo apenas confirmou a existência da área em 2013, quando a CIA liberou documentos sobre a base para um pedido de registro público pela Universidade George Washington. Antes disso, ninguém sequer admitia que existia um lugar chamado Área 51 – o que só deu força à lenda. 

Essa história toda começou em 1955, em plena Guerra Fria, quando a base foi oficialmente criada. Acredita-se que o surgimento dela esteja intimamente ligado ao programa de desenvolvimento do avião espião Lockheed U-2, que chegaria a altas altitudes para conseguir espionar os soviéticos. 

Um dos primeiros passos para tirar o avião do papel era encontrar uma localização secreta para realizar os testes da nova aeronave. Assim, o governo escolheu um local no deserto de Nevada, perto de uma boa pista de pouso. 

Os primeiros testes do U-2 foram em 1955 mesmo, e com isso, já surgiram relatos de pessoas que diziam ter visto objetos voadores misteriosos. Quem sabia que era o U-2 não podia abrir a boca, pois o avião (e o programa) eram absolutamente secretos. 

Como se já não bastasse, o governo ainda tentou justificar essas aparições “misteriosas” com histórias relacionadas a fenômenos naturais ou pesquisas meteorológicas. Essa lorota toda começou a dar lugar a suspeitas ufológicas. 


O SURGIMENTO DE BOB LAZAR

As especulações chegaram ao auge no final da década de 80, quando o físico Robert “Bob” Lazar, foi à mídia dizendo ser um ex-funcionário da base militar. Ele categoricamente afirmou que sua função lá era realizar engenharia reversa em espaçonaves extraterrestres: o objetivo era se apropriar da tecnologia usada pelos aliens. 

Daí para o surgimento de teorias de que os EUA estavam criando seres híbridos entre homens e ETs, foi um pulo. Alguns ex-funcionários da base confirmaram que faziam sim, engenharia reversa – mas em aviões de guerra estrangeiros, não em naves. Será? 

Desde 2013, a CIA vem publicando informações sobre voos de teste que aconteceram no local ao longo dessas décadas, e os aspectos alienígenas dessas teorias teriam sido desmascarados. Mas há muitos que acham que isso não passou de uma cortina de fumaça para encobrir o verdadeiro propósito do lugar.


QUEM É BOB LAZAR?

Foto antiga de Bob Lazar dando uma explicação enquanto escreve com um giz em uma lousa. 

Robert Scott Lazar, nascido em  Coral Gables em 26 de janeiro de 1959, mais conhecido como Bob Lazar, é um físico norte-americano que se notabilizou pela polêmica causada nas discussões sobre OVNIs acerca da Área 51. 

Lazar alega ter trabalhado de 1988 a 1989 como físico em uma área chamada S-4, perto de Groom Lake, Nevada, próximo à Área 51. De acordo com Lazar,  a S-4 servia como um esconderijo militar para o estudo de discos voadores extraterrestres. Ele afirma ter visto nove discos diferentes no local. Também dá detalhes sobre o modo de propulsão das naves.

Não há relatos com mais profundidade no assunto, pois a CIA e o Exército Estadunidense não permitem tal exposição. Algo um tanto estranho para aqueles que se esforçam para desacreditar Lazar, dizendo que tudo não passa de uma bela invenção da cabeça dele. 

Bob Lazar diz ter sido inicialmente introduzido ao trabalho na S-4 pelo Dr. Edward Teller. Sua tarefa consistia na investigação científica do sistema de propulsão de uma das nove aeronaves discóides. Em seu testemunho gravado, Lazar recorda-se que quando ele viu os discos pela primeira vez, concluiu que eram aeronaves terrestres secretas das quais os voos de teste deveriam ter sido responsáveis por muitos alertas de OVNIs.

Gradualmente, com um exame mais detalhado, concluiu que os discos eram de origem extraterrestre. Durante entrevistas para a rede de televisão KLAS-TV de Las Vegas, em 1989, Lazar explicou como esta impressão o atingiu inicialmente depois que ele embarcou na nave sob investigação e examinou seu interior.


O QUE É MOSCÓVIO: O ELEMENTO 115 

Para a propulsão desses veículos espaciais, Bob Lazar explica como o elemento atômico 115, denominado cientificamente como Moscóvio, serviria de combustível nuclear. Em sua experiência, o elemento 115 providenciou uma fonte de energia que produziria antigravidade sob um bombardeamento de partículas. 

Como o intenso campo de força nuclear do elemento 115 amplificado, o efeito resultante seria a distorção do campo gravitacional circundante. Um veículo produzindo tal distorção, poderia alterar sua própria relação com o espaço ao seu redor - permitindo-o encurtar dramaticamente a distância entre ele próprio e um destino mapeado. Algo bem próximo do que seria a “velocidade de dobra” abordada na série Star Trek. 

Lazar atribuiu a falta do elemento 115 na Terra ao fato da supernova na região terrestre da galáxia, ter sido insuficientemente massiva para produzir núcleos dessa densidade. Ele postula que outras partes do universo poderiam ser ricas neste elemento. Aliás um elemento que foi adicionado a tabela periódica, diga-se de passagem.

Em 2004 um time de cientistas russos e americanos teve sucesso na produção do elemento 115 como um isótopo instável, confirmando a existência de tal átomo. Em 1989, Lazar indicou que estoques do desconhecido elemento 115, devem ter sido um presente de uma civilização extraterrestre para ser usado como combustível em nossos próprios veículos. 

Em novembro de 1989, Lazar apareceu em uma entrevista especial com o repórter investigativo George Knapp na estação de televisão KLAS de Las Vegas, para falar sobre os vários aspectos e implicações de seu trabalho no departamento S-4.

De acordo com certas organizações de investigação de OVNIs - das quais o Disclosure Project, criado pelo Dr. Steven M. Greer, é o mais bem conhecido - os experimentos com propulsão antigravitacional e engenharia reversa de espaçonaves extraterrestres estão certamente sendo executados em projetos militares secretos. O Tenente-Coronel Philip J. Corso (1915-1998) é considerado por ser o primeiro e mais importante diretor em tais operações. 

BOB LAZAR ATUALMENTE

Bob Lazar administra uma companhia de suprimentos científicos com base em Albuquerque, Novo México, chamada United Nuclear. A empresa vende uma grande variedade de materiais incluindo minérios radioativos, ímãs poderosos, curiosidades científicas como o aerogel e uma série de químicos. A  United Nuclear alega ter "mais de 250.000 clientes satisfeitos" incluindo escolas e cientistas amadores.

O site da empresa também faz propaganda de um kit protótipo que adapta veículos normais de estrada ao combustível de hidrogênio. A United Nuclear diz que os kits estão sendo segurados devido às ações da Comissão de Segurança do Consumidor e do Produto. 

Uma reportagem de 2006 na Wired Magazine, afirmou que Lazar e sua esposa e o agente de negócios Joy White, foram presos em junho de 2003 por vender produtos químicos que poderiam ser utilizados na fabricação de fogos de artifícios. O casal foi acusado em 2006 por graves violações ao Ato Federal de substâncias perigosas.

Lazar e Gene Huff também administram a Desert Blast, um festival anual de "explosivos" no Deserto de Nevada. Tendo começado em 1987 (mas nomeada oficialmente em 1991, inspirada pela Operação Tempestade do Deserto — Desert Storm — da Guerra do Golfo), o festival apresenta explosivos caseiros, foguetes e outras pirotecnias com a intenção de enfatizar a parte divertida da Física.


OS QUESTIONAMENTOS LIGADOS A VERACIDADE DOS RELATOS DE LAZAR 

As indicações de Lazar têm sido criticadas como infundadas. Seu verdadeiro conhecimento sobre ciência tem sido questionado. O físico David. L. Morgan, por exemplo, critica como "em nenhuma ocasião o Sr. Lazar reconhece que seu cenário viola as leis da física como as conhecemos, e em nenhuma ocasião ele oferece algum indício de novas teorias que tornariam seu mecanismo possível.”

Algum ceticismo científico sobre o relatório de Lazar se baseia no fato de que enquanto o elemento 115 ocorre em uma escala numérica atômica para maior estabilidade, experimentos terrestres para produzi-lo indicam uma meia-vida da ordem de segundos e não anos. 

Lazar contra-argumenta que um isótopo obtido somente sob formações estelares distantes, pode ser mais estável do que um resultante da colisão de elementos estáveis através de meios convencionais. Lazar enfatiza que a física nuclear está evoluindo rapidamente e que os cientistas logo estarão capacitados para produzir isótopos estáveis daquele elemento, oficialmente. 

Lazar diz ainda ter graus avançados do Instituto Tecnológico de Massachusetts e do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Entretanto, de acordo com investigações, seu nome não aparece no registro de alunos de ambas as instituições. O livro de registros sequer contém fotos de identificação ou outras referências a Bob Lazar. Lazar alega que isto é resultado de uma intervenção do governo para apagar sua identidade passada.

Em seu website comercial United Nuclear, Lazar escreve na sessão “sobre”, que "tinha anteriormente trabalhado no Laboratório Nacional de Los Álamos (especificamente nas instalações Meson Phisics, envolvido com experimentos utilizando o Acelerador de Partículas Linear de meia-milha de comprimento"

Os críticos argumentam que o Laboratório Nuclear de Los Álamos não poderia apoiar essa alegação: o laboratório experimental negou inclusive ter empregado Lazar. Mas o repórter investigativo George Knapp, encontrou o nome de Lazar no livro de telefones do laboratório, indicando que Lazar realmente trabalhou lá como técnico. 

Entretanto, a lista possuía números de telefone de funcionários e também de terceiros, onde Stanton Friedman alega que Lazar trabalhou como técnico para Kirk Meyer, um fornecedor externo ao laboratório.

Stanton T. Friedman, um físico e pesquisador de OVNIs, concentra-se principalmente na discrepância da educação de Lazar. Friedman afirma que a transcrição da Escola Secundária de Lazar mostra que ele terminou "em antepenúltimo lugar na sua classe", tornando-o um candidato improvável para o MIT. 

Friedman também cita evidências de que Lazar estava registrado no Los Angeles Pierce College ao mesmo tempo em que alega estar trabalhando em seu grau do MIT. Entretanto, a distância entre as escolas é de mais de 4000 quilômetros. 


O QUE SE SABE ATÉ AGORA SOBRE EXTRATERRESTRES?

Difícil saber qual a verdade. Por enquanto talvez não seja possível acreditar, mas também não se pode desacreditar os relatos de Lazar, uma vez que é sabido o quanto agências de 3 letras e governos agem, quando querem “apagar rastros”.

O que se sabe hoje, é que existem inúmeros documentos e vídeos sendo revelados por organizações militares como o próprio Pentágono, outras pela NASA, além de comissões em andamento no senado americano a respeito do avistamento de OVNIS. Por isso o negócio é acompanhar para sabermos que desfecho tudo isso terá. 


FONTE:
A ÁREA 51








ESCUDO ANTIRUÍDO

 

São supressores de ruídos finos como um tecido de seda - literalmente.

TECIDO ANTIRUÍDO 

Um fino tecido de seda pode se tornar a última palavra em termos de supressão de ruídos, mantendo ambientes imunes ao barulho do lado de fora.

Ao contrário das tecnologias anti ruído atuais, baseadas em materiais espessos, o tecido tem mais ou menos a espessura de um fio de cabelo humano.

Seu segredo está em fibras especiais que vibram quando recebem uma tensão elétrica. Os pesquisadores aproveitaram essas vibrações para suprimir o som de duas maneiras diferentes, que equivalem às tecnologias eletrônicas mais modernas de isolamento de som e cancelamento ativo de ruídos .

No primeiro modo, o tecido vibrante gera ondas sonoras que interferem em um ruído indesejado para cancelá-lo, semelhante aos fones de ouvido com cancelamento de ruído, uma tecnologia muito eficiente mas que até agora só funcionava bem em espaços pequenos como seus ouvidos, mas não em ambientes grandes, como salas, carros ou aviões.

Na segunda técnica, mais surpreendente, o tecido é mantido imóvel para suprimir as vibrações que são fundamentais para a transmissão do som. Isso evita que o ruído seja transmitido através do tecido, diminuindo seu volume. Esta segunda abordagem permite a redução de ruído em espaços muito maiores, como carros, quartos, salas e até ambientes empresariais, para a separação de áreas dentro de um grande escritório, por exemplo.

Escudo antirruído fino como um tecido de seda 


O tecido pode suprimir o som gerando ondas sonoras que interferem com um ruído indesejado para cancelá-lo (figura C) ou ser mantido imóvel para suprimir vibrações que são fundamentais para a transmissão do som (figura D).


ALTO FALANTE DE TECIDO

A pesquisadora Grace Yang, do MIT, trabalhou com materiais comuns, como seda, lona e musselina, criando diversas versões de tecidos supressores de ruído, de olho em torná-los práticos de implementar em espaços do mundo real.

Inicialmente, a equipe costurou fios de fibra piezoelétrica nos tecidos. Os materiais piezoelétricos produzem um sinal elétrico quando dobrados, comprimidos ou pressionados. Quando uma sonda sonora atinge o tecido, ela o faz vibrar; a fibra piezoelétrica então faz seu trabalho, convertendo essas vibrações em um sinal elétrico, efetivamente capturando o som. Esse tecido tornou-se um microfone tão sensível que escuta até seus batimentos cardíacos.

Agora eles inverteram essa ideia para criar um alto-falante de tecido que pode ser usado para cancelar as ondas sonoras que chegam. "Embora possamos usar tecido para criar som, já existe muito ruído em nosso mundo. Achamos que criar silêncio poderia ser ainda mais valioso," justificou Yang.

A melhor versão para a supressão direta do som consiste em um alto-falante de tecido de seda, que emite ondas sonoras que interferem destrutivamente nas ondas sonoras indesejadas. Para isso, as vibrações da fibra piezoelétrica são controladas eletricamente para que as ondas sonoras emitidas pelo tecido sejam opostas às ondas sonoras indesejadas que atingem o tecido, resultando no cancelamento ativo de ruído.

Entre as ideias práticas de uso, a equipe sugere empregar o tecido para fazer divisórias em espaços de trabalho abertos, ou criar paredes finas de tecido que impeçam a passagem do som. 

ESCUDO ANTIRUÍDO FINO COMO UM TECIDO DE SEDA 

A equipe também criou fibras digitais que tornam roupas programáveis e inteligentes.


ESPELHO PARA O SOM

Surpreendentemente, os pesquisadores descobriram que basta segurar o tecido suspenso para que o som seja refletido por ele, essencialmente um fino pedaço de seda que reflete o som, de modo semelhante a um espelho refletindo a luz.

Os experimentos também revelaram que tanto as propriedades mecânicas do tecido quanto o tamanho dos seus poros afetam a eficiência da geração de som. Embora a seda e a musselina tenham propriedades mecânicas semelhantes, os poros menores da seda produziram um alto-falante de tecido melhor. Mas o tamanho efetivo dos poros também depende da frequência das ondas sonoras que se quer suprimir: Se a frequência for suficientemente baixa, mesmo um tecido com poros relativamente grandes poderá funcionar bem, disse Yang.

No modo de supressão direta, o tecido de seda reduz o volume dos sons em até 65 decibéis (quase tão alto quanto uma conversa humana entusiasmada). No modo de supressão mediada por vibração, o tecido pode reduzir a transmissão do som em até 75%.

Mas, por enquanto, tudo isso funciona apenas para sons de frequências específicas, o que é diferente do ruído do trânsito, por exemplo. A equipe já se prepara para aprimorar o tecido para bloquear sons de múltiplas frequências, mas isso provavelmente exigirá um processamento de sinal e circuitos eletrônicos adicionais.

Bibliografia:

Artigo: Single Layer Silk and Cotton Woven Fabrics for Acoustic Emission and Active Sound Suppression
Autores: Grace H. Yang, Jinuan Lin, Henry Cheung, Guanchun Rui, Yongyi Zhao, Latika Balachander, Taigyu Joo, Hyunhee Lee, Zachary P. Smith, Lei Zhu, Chu Ma, Yoel Fink
Revista: Advanced Materials
DOI: 10.1002/adma.202313328


FONTE:
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA







CIDADES TESTAM INTERNET QUÂNTICA

 

Esquema da rede quântica operando em Delft,
nos Países Baixos.

Três equipes de pesquisa, trabalhando separadamente, demonstraram uma troca real de informações ao longo de vários quilômetros de fibras ópticas existentes em áreas urbanas reais.

Várias equipes já demonstraram em escala metropolitana o entrelaçamento quântico , o fenômeno pelo qual dois ou mais objetos ficam tão intimamente interligados que contêm a mesma informação, independentemente da distância que os separe. Agora foi mais do que isso, com os fótons entrelaçados sendo usados e manipulados para uma troca de informações entre computadores por meio de instalações de comunicações por fibra óptica que já funcionam nas cidades para a internet atual.

Este feito é um passo fundamental para a criação de uma internet quântica, uma rede que promete a troca de informações mais rápida e com segurança virtualmente inquebrável. 

Na verdade, uma internet quântica poderá fazer bem mais do que garantir a distribuição de chaves criptográficas quase inquebráveis. O uso amplo do entrelaçamento quântico poderá, por exemplo, permitir conectar computadores quânticos separados para formar máquinas distribuídas, maiores e mais poderosas do que cada computador individual.

A tecnologia também poderá viabilizar experimentos científicos inéditos, por exemplo, criando redes de telescópios virtuais com a resolução equivalente à de um telescópio único com centenas de quilômetros de diâmetro. 



Internet Quântica é demonstrada em três cidades
Esquema da rede quântica operando em Boston, nos EUA.


REDES QUÂNTICAS PRÁTICAS

Os experimentos foram realizados nas cidades de Boston, nos EUA, Delft, nos Países Baixos, e Hefei, na China. 

Embora tenham trabalhado com arquiteturas de qubits diferentes, cada uma das três equipes conseguiu conectar com êxito os nós de sua rede usando fótons na parte infravermelha do espectro compatível com as comunicações por fibra óptica, o que é um marco rumo à implementação real de redes quânticas, tornando estas as demonstrações mais avançadas já feitas nesse campo.

Contudo, embora deva usar a infraestrutura de fibras ópticas, a internet quântica não rodará nos mesmos equipamentos. A internet atual usa repetidores (hubs) para reforçar os sinais transmitidos de um ponto a outro, para que eles possam viajar mais longe, mas os repetidores quânticos só agora começaram a ser desenvolvidos. Isto limita muito a distância que os fótons individuais podem viajar antes que sua informação seja perdida, o que pode acontecer até mesmo por variações sutis de temperatura entre um local e outro, ou entre um momento do dia para outro. 

Por isso esses primeiros testes são tão importantes, permitindo que as equipes avaliem os equipamentos disponíveis e estabeleçam exigências para a criação de novas versões desses equipamentos, que sejam mais robustas.

No experimento que rodou em Boston, a rede alcançou uma distância de 35 km; em Delft, o alcance foi de 25 km; e o experimento em Hefei alcançou 12,5 km. A expectativa das equipes é que, até o fim desta década, redes quânticas realistas possam operar em distâncias de até 1.000 km. 

Bibliografia:

Artigo: Entanglement of nanophotonic quantum memory nodes in a telecom network
Autores: C. M. Knaut, A. Suleymanzade, Y.-C. Wei, D. R. Assumpcao, P.-J. Stas, Y. Q. Huan, B. Machielse, E. N. Knall, M. Sutula, G. Baranes, N. Sinclair, C. De-Eknamkul, D. S. Levonian, M. K. Bhaskar, H. Park, M. Loncar, M. D. Lukin
Revista: Nature
Vol.: 629, pages 573-578
DOI: 10.1038/s41586-024-07252-z

Artigo: Creation of memory-memory entanglement in a metropolitan quantum network
Autores: Jian-Long Liu, Xi-Yu Luo, Yong Yu, Chao-Yang Wang, Bin Wang, Yi Hu, Jun Li, Ming-Yang Zheng, Bo Yao, Zi Yan, Da Teng, Jin-Wei Jiang, Xiao-Bing Liu, Xiu-Ping Xie, Jun Zhang, Qing-He Mao, Xiao Jiang, Qiang Zhang, Xiao-Hui Bao, Jian-Wei Pan
Revista: Nature
Vol.: 629, pages 579-585
DOI: 10.1038/s41586-024-07308-0

Artigo: Metropolitan-scale heralded entanglement of solid-state qubits
Autores: Arian J. Stolk, Kian L. van der Enden, Marie-Christine Slater, Ingmar te Raa-Derckx, Pieter Botma, Joris van Rantwijk, Benjamin Biemond, Ronald A.J. Hagen, Rodolf W. Herfst, Wouter D. Koek, Arjan J.H. Meskers, René Vollmer, Erwin J. van Zwet, Matthew Markham, Andrew M. Edmonds, Jan Fabian Geus, Florian Elsen, Bernd Jungbluth, Constantin Haefner, Christoph Tresp, Jürgen Stuhler, Stephan Ritter, Ronald Hanson
Revista: arXiv
DOI: 10.48550/arXiv.2404.03723 









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